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Quem são os suspeitos de integrar esquema criminoso que usou fintechs para fraudes e lavagem de dinheiro



O contador Aedi Cordeiro e os empresários Denis Ribeiro e Patrick Burnett são apontados como os chefes da esquema criminoso. Investigados da Operação Concierge: Aedi Cordeiro, Patrick Burnett, Fabio de Biasi, Denis Ribeiro, José Rodrigues e Wagner Amorim Montagem g1 Das 15 pessoas presas pela Polícia Federal (PF) na Operação Concierge, que investiga fraudes bilionárias e lavagem de dinheiro a partir das fintechs, sete são sócias de empresas suspeitas de participação no esquema criminoso Veja detalhes sobre os investigados abaixo. Segundo a PF, as fintechs, com sede em Campinas (SP), são investigadas por oferecerem a clientes, entre eles membros de facções criminosas e empresas devedoras, a possibilidade de fazer transações bancárias e lavagem de dinheiro de forma invisível aos órgãos de controle e inteligência financeira. Presos chegam na sede da Polícia Federal de Campinas A investigação aponta como chefes do esquema criminoso o contador Aedi Cordeiro (dono da JJA Assessoria Contábil), Denis Ribeiro (presidente da T10 Bank) e Patrick Burnett (presidente da InovePay). Eles são suspeitos dos seguintes crimes: Gestão fraudulenta Efetuar operação de câmbio não autorizada, Lavagem de dinheiro Organização criminosa Falsidade ideológica Sonegação fiscal Veja abaixo o detalhamento da investigação e o que dizem os investigados. O contador Aedi Cordeiro Reprodução/youtube Aedi Cordeiro dos Santos: dono da JJA Assessoria Contábil, Aedi é apontado pela investigação como o responsável por arquitetar o esquema criminoso e utilizar as duas fintechs para movimentar milhões de reais. Além disso, é suspeito de ser o sócio oculto de Denis Arruda e Patrick Burnett. “A partir dos dados colhidos, percebe-se que o grupo empresarial e familiar de Aedi Cordeiro se relaciona significativamente com as duas empresas”, diz o relatório da PF. Em outros processos, segundo a PF, Aedi já foi denunciado pelo Ministério Público Federal por crimes contra a ordem tributária, contra o sistema financeiro nacional, falsificação de documentos públicos e particulares e lavagem de ativos, por isso, diz a PF, precisava blindar seu patrimônio. Ainda de acordo com a investigação, Aedi é a ligação entre as fintechs T10 bank e InovePay. Um relatório de inteligência apontou que o contador assinou como testemunha de fundação da InovePay. Já em relação à T10, ele teria ajudado na operação do esquema. “Entre o ano de 2019 e a presente data, Patrick Burnett e Aedi Cordeiro criaram e operaram a fintech intitulada InvoePay, instituição financeira sem a devida autorização do Banco Central. No mesmo sentido, entre o ano 2020 e a presente data, com auxílio de Aedi Cordeiro Denis Ribeiro e seus sócios operaram a instituição financeira irregular T10 Bank”, aponta a PF. Ao g1, a defesa informou que Aedi se manifestará às autoridades assim que tiver conhecimento da integralidade da investigação. “Todavia, desde já, informa que diante dos elementos parciais de informação que acompanharam o pedido de prisão preventiva, afirma veementemente sua inocência. Era tão-somente cliente de um dos bancos de pagamento objeto da Operação Concierge”, diz a nota. Sócios da T10 Bank Sócios da T10 Bank: José Rodrigues, Patrick Cozzi, Denis Arruda e Fabio De Biasi Reprodução/ T10 A fintech T10 bank é uma das investigadas. Os cinco sócios dela, incluindo o Denis Ribeiro, foram presos preventivamente por determinação da Justiça e mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços ligados a eles. Veja quem são: Denis Arruda Reprodução Denis Arruda Ribeiro: Presidente (CEO) da T10 Bank, ele é apontado pelas investigações como principal articulador do sistema criado para lavagem de dinheiro através da fintech. “Tomando por base o vasto material produzido na presente investigação, não há dúvidas de que Denis Arruda Ribeiro é o líder da organização criminosa investigada e vem atuando há pelos menos cinco anos na prática de delitos reiterados contra a ordem tributária, contra o sistema financeiro nacional e na lavagem de capitais”. Ao g1, a defesa de Denis afirmou que a atividade T10 está de acordo com todas diretrizes e normas estabelecidas pelo Banco Central e demais órgãos e agências reguladoras e que são inverídicas quaisquer suposições de crimes financeiros. “As investigações sequer foram concluídas, inúmeras diligências a pedido das autoridades restam pendentes e inconclusivas, o que demonstra que as medidas tomadas se consideram açodadas e ilegais. Trata-se de investigação sob sigilo, o que impede a defesa discutir e antecipar provas, sendo certo que, oportunamente, será comprovada a total improcedência”, disse em nota. José Rodrigues chega preso à sede da PF em Campinas Márcio Silveira/EPTV José Rodrigues Costa: Sócio-fundador da T10 bank, advogado no escritório Plácido & Rodrigues e suplente de deputado federal pelo PP, ele teria, segundo a investigação, utilizado laranjas para abrir a fintech. “Assim, ao que tudo indica, José Rodrigues Costa teria fundado a T10 Bank em nome de um suposto laranja. E em recente alteração societária, passou a figurar como administrador da sociedade”, aponta a PF. Patrick Filipe Cozzi: Sócio fundador da T10 Bank, Patrick aparece como administrador formal da empresa na Junta Comercial e é detentor da maior fatia da fintech. “Por meio de sua pessoa jurídica A2P administração e participação, Patrick Filipe Cozzi detém 27,5% das cotas da T10 Bank. Em recente alteração societária, Patrick passou a constar como administrador da sociedade conjuntamente com Wagner Mendes Amorim e José Rodrigues Costa”, diz a PF. Advogado de José Rodrigues e Patrick Cozzi, Ralph Tórtima Filho afirmou ao g1 que a T10 segue rigorosamente as normas que regem o mercado financeiro e as Fintechs, e diz que vai demonstrar documentalmente a sua plena regularidade. “Também, segue rigorosos critérios de compliance e de segurança digital, podendo garantir que jamais pactuou com qualquer prática ilícita”, diz a nota. Fabio de Biasi Reprodução Fábio de Biasi: Sócio e diretor da T10 bank, ele é apontada pela PF como parceiro de Denis Arruda em empresas de fachada e com atuação no esquema de lavagem de dinheiro da organização criminosa. “Fabio de Biasi é responsável pelos diversos delitos contra a ordem tributária praticados pelas pessoas jurídicas em que figurava como sócio, tendo transferido a titularidade para o laranja”, diz a PF. Wagner Amorim, diretor digital da T10 Bank Reprodução Wagner Mendes Amorim: Sócio e diretor digital da T10 Bank, Wagner é detentor de 10% das cotas da fintech e, segundo a PF, tinha atuação de relevância dentro da empresa. “Wagner não é apenas um sócio no papel, possuindo atuação ostensiva no T10 Bank. Figura em recente alteração contratual como sócio e diretor eleito”, aponta a PF. O g1 tenta contato com a defesa de Fábio e Wagner. CEO e fundador da InovePay Patrick Bezerra Burnett é presidente e fundador do InovePay, fintech investigada por gestão fraudulenta na Operação Concierge. Segundo a investigação, Aedi é contador de outras duas empresas em que Patrick figura como sócio. “Tomando por base os elementos já citados, as máquinas da InovePay são utilizadas por pessoas jurídicas de fachada, pessoas físicas ligadas ao tráfico de drogas, sem olvidar da utilização da pessoa jurídica para transacionar veículos de luxo e imóveis com prejuízo visando a lavagem de capitais”, aponta a PF. A InovePay negou ao g1 os fatos imputados pela PF e disse que “as medidas tomadas até o momento pelas autoridades foram unilaterais, sem que os argumentos da empresa fossem ouvidos”. “Comprometidos com princípios éticos, o Inove Global Group e seu sócio atuam no ramo da tecnologia ligada a meios de pagamento há mais de sete anos, buscando trazer inovação e acessibilidade para seus clientes, e jamais estiveram ligados a qualquer atividade criminosa, colocando-se à disposição das autoridades para colaborar com o deslinde das investigações, a fim de que os fatos sejam esclarecidos em sua integralidade”, diz a nota da Inove. Bancos tradicionais investigados Entenda relatório da Justiça sobre esquema de fraudes bilionárias que prendeu 14 A Polícia Federal (PF) investiga se os bancos Rendimento e Bomsucesso (hoje BS2) foram coniventes com o esquema bilionário de fraudes a partir de fintechs, revelado na Operação Concierge. “Essa utilização de instituições financeiras oficiais para a oferta de serviços não autorizados pelo Banco Central permitiu a blindagem patrimonial e lavagem de ativos de cifras bilionárias, bem como a sonegação tributária, já que as pessoas jurídicas e transações reais ficavam ocultas do sistema financeiro oficial”, diz o Ministério Público Federal, em parecer. A investigação aponta que as fintechs fizeram transações suspeitas sem que os bancos notificassem os órgãos de controle. Além disso, diz que, ao não controlar as transações de pessoas físicas, os bancos descumpriram regras do setor bancário e, com isso, facilitaram o cometimento de crimes. “As instituições financeiras oficiais (Banco Rendimento e Banco Bonsucesso) burlaram os regulamentos do Banco Central e autorizaram a utilização de suas contas bancárias como “contas bolsões” por parte dessas instituições financeiras clandestinas, as quais, repita-se, movimentaram vultosa quantia de recursos criminosos, sem nenhum tipo de controle pelos órgãos competentes e até mesmo dificultando a análise por parte dos órgãos responsáveis pela persecução penal”, apontou o MPF. Agentes da PF cumprem mandados judiciais na Operação Concierge Polícia Federal Em nota ao g1, o Banco Rendimento afirmou que segue todas as regulamentações do Banco Central e órgãos competentes, “também aplicadas desde o início da relação com a T10 Bank, onde todas as avaliações recomendadas foram executadas”. O Banco Bonsucesso (BS2) afirmou ao g1 que já fez reportes sobre a Inovepay ao Coaf, “ao contrário do noticiado” e afirmou que nenhuma das 194 empresas ou pessoas físicas citadas na investigação possuía conta com eles. “Cópias destes reportes e demais evidências foram entregues às autoridades no dia de ontem (28/08). Com isso, reforçamos que o BS2 atua em total conformidade com a regulamentação vigente”, disse o BS2. Entenda o esquema que usava contas em bancos tradicionais para enganar sistema financeiro Facções como clientes A organização criminosa investigada pela Polícia Federal (PF) na Operação Concierge, que apontou fraude bilionária com o uso de fintechs, é suspeita de lavar dinheiro do tráfico de drogas e esconder valores para a UPBus, empresa de ônibus suspeita de envolvimento com o PCC. “Esse esquema de lavagem de capitais permitiu o financiamento e, portanto, a continuidade de inúmeros crimes antecedentes, já expostos, sendo um deles o de tráfico de entorpecentes, gerando prejuízos sociais imensos”, diz parecer do Ministério Público Federal. A operação Carros apreendidos chegam ao pátio da Polícia Federal em Campinas Márcio Silveira/EPTV A Operação Concierge foi flagrada na manhã desta quarta-feira. As 14 prisões foram feitas nas casas dos investigados em Campinas (SP), São Paulo (SP), Ilhabela (SP), Sorocaba (SP) e Americana (SP). As apreensões ocorreram em vários estabelecimentos, incluindo lojas de veículos. A Justiça ainda autorizou o bloqueio de R$ 850 milhões em contas associadas à organização criminosa. Sob escolta, carros de luxo apreendidos foram levados ao longo do dia para o pátio da PF em Campinas e para um estacionamento alugado pela corporação. São utilitários esportivos e carros esportivos de marcas de luxo, como Porsche, Land Rover, BMW, Volvo e Mercedes-Benz. Ainda de acordo com a PF, os agentes também apreenderam jóias, relógios e centenas de máquinas de cartão de crédito, além de documentos, celulares e computadores. Os itens devem passar por perícia e depois ficarão depositados em uma conta judicial. Como funcionava o esquema? As fintechs investigadas possuem uma conta corrente como pessoa jurídica em um banco comercial tradicional. Essa conta é chamada de “bolsão” e serve para fazer transações com o dinheiro de seus clientes de forma “invisível”, pois é praticamente impossível rastreá-las. Veja o exemplo abaixo: A pessoa física “A” tem contas bloqueadas e quer se manter ativa no mercado financeiro, fazendo transações, recebendo e enviando valores. Ela, então, abre uma conta com a fintech e a controla por meio de um aplicativo; Essa pessoa “A” faz uma transferência para a pessoa “B” por meio desse aplicativo; A fintech, por sua vez, tem uma conta-corrente como pessoa jurídica em um banco comercial tradicional; Quando transfere um valor para a pessoa “B” por meio da fintech, na verdade, a pessoa “A” está transferido para a conta jurídica que a fintech tem no banco comercial. Como a pessoa “A” não tem vínculo com o banco comercial, seu nome não aparecerá no extrato, mas, sim, a fintech titular da conta. A transferência para a pessoa “B”, por sua vez, aparece no extrato tendo como origem a pessoa jurídica da fintech e não a pessoa “A”. Nesse esquema, a pessoa “A” fica invisível e pode manter seu patrimônio livre de restrições. A investigação aponta que o volume de dinheiro movimentado a crédito pelas duas fintechs, entre 2020 e 2023, foi de R$ 3,5 bilhões, segundo a Polícia Federal. ‘Concierge’ Os investigados vão responder por gestão fraudulenta de instituições financeiras, operação de instituição financeira não autorizada, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, crimes contra a ordem tributária e organização criminosa. O nome da operação, “Concierge”, é uma palavra francesa que denomina o profissional que atende necessidades específicas de clientes e faz alusão à oferta de serviços clandestinos para ocultação de capitais. VÍDEOS: tudo sobre Campinas e Região

Fonte: G1


31/08/2024 – Prata FM Vale

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