Após oito anos dedicados aos estudos e mestrado, Júlia Fraga deixou para trás o mundo das pesquisas e criou uma padaria artesanal em Atibaia (SP). Jovem troca vida acadêmica pelo sonho de empreender e passa a vender pães no interior de SP: ‘Encontrei um propósito’.
Arquivo pessoal
Do mundo acadêmico para a gastronomia. Esse é o resumo da história da Júlia Fraga que, após oito anos se dedicando à vida acadêmica, resolveu encarar um novo desafio com o marido: empreender e abrir uma padaria artesanal autoral na cidade de Atibaia, no interior de São Paulo.
Formada em Letras pela Universidade Federal de Viçosa, Júlia atuou como aluna e estagiária no mundo acadêmico por alguns anos — um universo onde, segundo ela, conseguiu sentir a pressão dos estudos e da cobrança que é a pesquisa. Nesse tempo, chegou a concluir o mestrado em Literatura e Cultura pela Universidade Federal da Bahia.
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A paixão desde sempre pela gastronomia ganhou uma pitada ainda maior quando Júlia conheceu o marido, que é padeiro. Em 2022, eles se mudaram para Atibaia e decidiram abrir algo próprio.
“Nós nos mudamos para Atibaia com a ideia de abrirmos uma coisinha nossa. Começamos com massas artesanais em feiras da cidade, mas não deu muito certo”, relembra.
Foi então que Júlia e o marido resolveram abrir uma padaria artesanal, no Centro de Atibaia. Foram meses elaborando o plano de negócios, enquanto o casal conciliava o sonho de empreender com os outros trabalhos: ela com o mundo acadêmico e ele com o trabalho de consultor de panificação e freelancer em restaurantes da cidade.
Júlia e o marido são os fundadores da Aura, padaria artesanal em Atibaia, SP
Arquivo pessoal
“Eu ainda estava fazendo meu mestrado e dando aulas. Tive que fazer a escolha de finalizar meus estudos e fazer minha transição de carreira para poder me dedicar melhor ao que estava me fazendo bem e me dando mais senso de propósito”, descreveu Júlia.
Segundo ela, o sonho da padaria começou a sair do papel e teve o incentivo de familiares e amigos. A inauguração aconteceu em março de 2023. A conciliação no começo, contudo, foi difícil.
“Conciliar foi muito difícil. Eu dava aulas em período integral em uma escola da cidade, escrevia a dissertação entre meus horários de almoço e ainda ajudava nas vendas da padaria nos fins de semana. Tive que sair da escola, focar algumas semanas quase integralmente aos estudos e balancear o tempo que passava na padaria para poder conseguir finalizar a dissertação”, contou.
O projeto começou a dar certo e Júlia teve que se especializar ainda mais — desta vez, no empreendedorismo e na gastronomia: foram cursos de barista com cafés especiais e cursos de gestão.
Hoje a padaria funciona de quarta a domingo e, segundo Júlia, é uma padaria “diferentona”, por trabalhar com pães de fermentação natural e folhados, além de utilizar produtos da estação e produtos de horta própria.
A ideia do empreendimento é utilizar técnicas internacionais com produtos brasileiros, além do café especial, do Sul de Minas, para lembrar suas origens.
Jovem troca vida acadêmica pelo sonho de empreender e passa a vender pães
Atualmente, Júlia trabalha na operação e atendimento da padaria quase o dia todo, além das conversas com clientes e fornecedores pós-expediente. A carga horária substituiu a média de 6 a 8 horas que ela se dedicava estudando e escrevendo. A qualidade de vida, no entanto, melhorou.
“Tem sido melhor para mim, como pessoa que encontrou um propósito que se alinha com meus valores e interesses. Mas também é cansativo: na padaria são várias horas trabalhando, às vezes tendo desafios com clientes mais difíceis e todo o pacote de burocracia e planilhas que vêm com abrir um negócio. Mas, mesmo com as dificuldades, sinto que vale a pena porque consigo construir algo palpável para mim, para a minha família e comunidade. Partilhar a comida com afeto é um ato que se alinha muito mais com meus ideais, diferentemente do que eu sentia com a vida acadêmica”.
Para o futuro, apesar de afirmar que o mundo acadêmico ainda faz parte de seu dia a dia, Júlia revelou que o foco será a gastronomia.
“Acredito que meu foco será mais na gastronomia mesmo, talvez até mesmo através de alguns estudos e pesquisas sobre alimentos e bebidas. Acho que tive meu momento de estudos nas Letras que me foi muito valioso, aprendi muito a ler e analisar melhor, produzir textos mais bacanas e ver o mundo sob outra ótica, mas é a gastronomia que acende aquela chama de se perseguir”, finalizou.
Padaria oferece produtos artesanais no interior de SP
Arquivo pessoal
Jovem troca vida acadêmica pelo sonho de empreender e passa a vender pães no interior de SP: ‘Encontrei um propósito’.
Arquivo pessoal
Júlia Fraga trocou os livros pelo sonho de empreender e abriu uma padaria artesanal em Atibaia, SP
Arquivo pessoal
Fonte: G1