NOTÍCIAS


'Ficamos sem resposta', diz família de caseiro que está desaparecido há um ano, desde a tragédia no litoral de SP



O caseiro Eliseu Pedro, de 52 anos, foi visto pela última vez na chácara em que morava no bairro Baleia Verde, horas antes do temporal começar. Ele está desaparecido desde então. Eliseu Alves Pedro, de 52 anos, é caseiro e desapareceu após o temporal. Arquivo pessoal 64 pessoas morreram e outras 26 foram resgatadas com vida após a tragédia que atingiu São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo, no dia 19 de fevereiro de 2023. Um ano depois do temporal devastador, uma vítima segue desaparecida: Eliseu Alves Pedro, que na época tinha 52 anos. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Vale do Paraíba e região no WhatsApp O caseiro foi visto pela última vez entrando na chácara que morava no bairro Baleia Verde, costa sul da cidade, no fim da tarde do dia 18 de fevereiro, pouco antes da chuva começar. O imóvel desabou durante o temporal e ele nunca mais foi encontrado. Defesa Civil e Corpo de Bombeiros fizeram buscas por Eliseu durante a tragédia em São Sebastião, SP Peterson Grecco/TV Vanguarda A filha adotiva de Eliseu, Elenice Teodoro, afirma que a família vive um ano de angústia e saudade desde então, mas que não tem mais esperanças de encontrar o pai. “Eu e minhas irmãs sentimos muita falta dele. Pensamos nele todo dia. Ainda dói demais. É triste, mas infelizmente não tenho mais esperanças de encontrá-lo, porque já passou muito tempo”, disse. “A tragédia foi muito triste para todo mundo que perdeu alguém, mas todas as famílias puderam enterrar seus parentes, e nós não. Ficamos sem resposta. Faz parte do luto enterrar um ente querido, e nós não pudemos fazer isso, não fechamos esse ciclo”, afirma Elenice, que tem 26 anos e trabalha como faxineira em São Sebastião. A última vez que Eliseu Alves Pedro, de 52 anos, foi visto antes do temporal de São Sebastião Reprodução Buscas As buscas por Eliseu Alves Pedro começaram no dia 26 de fevereiro do ano passado, uma semana depois da tragédia, após autoridades receberem a informação de que uma pessoa ainda estava desaparecida. Se tratava do caseiro. “Nós tivemos a informação (de uma nova vítima) e confirmamos com três fontes diferentes. Nesse momento duas equipes, inclusive uma com cães, estão no bairro fazendo as buscas”, afirmou na ocasião o capitão Kruger, do Corpo de Bombeiros. Quatro dias depois, porém, a operação foi suspensa. No dia 1° de março de 2023, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil informaram que as buscas foram suspensas, pois não havia condições seguras para as equipes de resgate e também pois não havia indícios suficientes de que o caseiro estava em casa no momento da tragédia. Defesa Civil e Corpo de Bombeiros fizeram buscas por Eliseu durante a tragédia em São Sebastião, SP Peterson Grecco/TV Vanguarda Elenice Teodoro, porém, afirma que a família tem certeza que Eliseu foi soterrado com o desabamento da chácara em que morava, no bairro Baleia Verde. “Nós temos certeza que ele estava lá. Tem a imagem dele entrando na casa horas antes que a chuva começou, e o rastreador das buscas encontrou sinal do celular dele na chácara. Ele não andava sem celular. Mesmo assim, nunca mais procuraram dizendo que não tinham pistas”, afirma. Além disso, a faxineira reclama da suspensão precoce das buscas e afirma que a família tentou até procurar o caseiro por conta própria, mas a intenção foi dificultada por condições financeiras. “Nossa família insistiu com a operação para continuarem, fizemos até um protesto, mas nunca mais teve nada. A gente se sentiu muito desamparado. Acho que faltou compreensão e paciência delas (das autoridades). A gente tentou ir lá procurar e até contratar alguém para ajudar, mas estava com pouco dinheiro. O lugar também estava perigoso por causa da chuva”, lembra. Até hoje, a família sente as marcas do desaparecimento do caseiro. “Minha irmã até entrou em depressão, se sentiu culpada, mas nós não temos o que fazer.” Distância da Vila Sahy, epicentro da tragédia de São Sebastião, para o bairro Baleia Verde, onde morava o seu Eliseu Reprodução/TV Vanguarda Carinho pelo pai Filha adotiva, Elenice foi criada pelo caseiro desde que tinha um ano de idade. Eliseu nasceu em Paraty, litoral do Rio de Janeiro, mas cresceu e viveu no Litoral Norte de São Paulo, onde criou uma família de três filhas. “Ele me pegou quando eu tinha um ano e cuidou de mim. Meu pai havia falecido e minha mãe encontrou ele, com quem teve minhas irmãs. Quando eu era maior, ele me explicou que não era meu pai e falou: ‘vai de você querer me chamar de pai ou só de Eliseu’. E eu respondi: ‘Você que me criou”, conta. Família vive angústia por notícias de Eliseu Alves Pedro De acordo com a Elenice, o pai sempre foi uma pessoa muito séria. Mesmo assim, ela tem ela tem diversas memórias carinhosas com ele, que sempre fez muito para que a família tivesse o que precisava. “Eu estava na 2ª série, quando uma professora disse que eu dava trabalho e não estudava. Quando chegou em casa, ele me deu uma bicicleta para eu ir para a escola. Disse que não ia me bater, mas que eu nunca mais podia bagunçar na escola. Ele sempre prezou muito pelos estudos, pois era o que podia me dar”, relatou emocionada. Elenice Teodoro, filha de Eliseu Alves Pedro Reprodução O que dizem as autoridades? O g1 acionou a Defesa Civil Estadual, que confirmou que Eliseu Alves Pedro continua desaparecido. A reportagem também acionou a Prefeitura de São Sebastião, que afirmou que o caseiro não foi encontrado. Questionada se há possibilidade das buscas serem retomadas, a gestão municipal comunicou que a operação é de responsabilidade do Corpo de Bombeiros. A reportagem acionou os bombeiros sobre o caso, mas corporação ainda não respondeu o contato do g1. Equipes de resgate em São Sebastião, após a tragédia que devastou a cidade Rauston Naves/TV Vanguarda Tragédia de São Sebastião Uma chuva histórica atingiu o Litoral Norte de São Paulo no dia 19 de fevereiro de 2023, em pleno carnaval. O temporal provocou enxurradas e deslizamentos de terra, que deixaram 65 mortos na região, sendo 64 em São Sebastião. Além das vítimas fatais, dezenas ficaram feridas e mais de mil desabrigadas ou desalojadas. Rodovias foram bloqueadas e casas ficaram destruídas após a chuva, que causou destruição. A tempestade começou em um sábado (dia 18). Durante a noite, ela já era muito forte e não parou mais. Por conta disso, a maioria dos estragos começou já na madrugada de domingo (19). Relembre aqui o que aconteceu

Fonte: G1


19/02/2024 – Prata FM Vale

COMPARTILHE

SEGUE A @PRATAFMVALE

NO AR:
Ao Vivo - PRATA FM VALE