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Famílias que tiveram parentes mortos pela dengue falam sobre luto e saudade: 'Dor insuportável'



Região já registrou 65 mortes pela doença. Jacareí, Taubaté e São José dos Campos lideram a lista de cidades com mais mortes por dengue no Vale do Paraíba. Letícia e Rafael eram moradores de Taubaté e morreram de dengue. Arquivo pessoal O Vale do Paraíba e a região bragantina somam mais de 87 mil casos confirmados de dengue e 65 mortes pela doença em 2024. Além disso, outras 140 mortes estão em investigação para descobrir se os óbitos têm relação com a dengue, de acordo com o levantamento do painel estadual da dengue, atualizado neste domingo (14). No painel gerenciado pela Secretaria Estadual de Saúde, Jacareí aparece em primeiro lugar no ranking de vítimas fatais, com 20 mortes contabilizadas até o momento. Taubaté é a segunda cidade da região com mais mortes por dengue este ano: 15 óbitos. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Vale do Paraíba e região no WhatsApp Em Taubaté, a jovem Letícia Izidoro Mendonça, de 21 anos, não tinha comorbidades e se tornou uma das 15 vítimas fatais da dengue. Em entrevista ao g1, a madrasta dela falou sobre como tem sido difícil recomeçar. “Foi tudo muito rápido, a Letícia fez o teste na sexta-feira depois do carnaval e precisou ir mais três vezes ao hospital, pois não melhorava. Até que no dia 20 de fevereiro veio a óbito, enquanto ela tomava soro no hospital”, contou a madrasta de Letícia, Sonia Zinneck. Letícia morreu aos 21 anos, em decorrência da dengue. Arquivo pessoal Segundo a família, Letícia era uma jovem alegre, trabalhava, estudava e tinha o sonho de ir para o Canadá. Ela chegou a estudar inglês para tornar possível esse desejo, mas não conseguiu realizar esse sonho a tempo. “Fica a dor da perda precoce, pois ela tinha muitos sonhos, era muito nova. Nunca vamos nos conformar que um simples inseto acabou com os sonhos de uma garota encantadora e deixou uma dor em todos nós”, lamentou. Rafael Antônio de Azevedo Netto, de 71 anos, morreu de dengue. Arquivo pessoal Rafael Antônio de Azevedo Netto, de 71 anos, era morador do bairro Jardim Califórnia em Taubaté e também veio a óbito pela doença. Rafael era metalúrgico aposentado e tinha comorbidades. Ele deixou a esposa e duas filhas. Segundo a família dele, os sintomas da doença começaram a aparecer depois que Rafael precisou fazer uma viagem até Minas Gerais para ajudar a sogra. “Ele voltou de Minas no dia 13 de março passando um pouco mal. Não era nada muito significativo. Ele estava com muita dor nas costas, dor no corpo, sentindo uma dificuldade para oxigenar. No dia 18, ele foi chegando no limite dele e pediu que eu o levasse ao hospital. Ele fez exame de dengue e deu positivo”, conta a filha Juliana Carvalho. “Ele foi ficando muito grave de uma hora para outra e faleceu no dia 20. A médica disse que o caso foi raro, ele poderia estar em qualquer hospital que não teria como fugir dessa situação”, lamenta. A filha lembra que Rafael se cuidava e usava repelente sempre. Mesmo aposentado e com as responsabilidades com a família, era um idoso ativo, saudável e tinha muitas atividades de lazer que gostava de fazer. Rafael Antônio de Azevedo Netto, de 71 anos, morreu de dengue. Arquivo pessoal Segundo a filha, Rafael estava escrevendo um livro e também estava estudando a bíblia. Entre os planos que tinha para se ocupar durante a aposentadoria, era começar a gravar vídeos para a internet. “Ele sempre tinha alguma projeto. Estava escrevendo um livro, gostava de viajar, era muito religioso e tinha vontade de ser youtuber pra falar sobre espiritualidade. Ele ia me passar algumas coisas, mas infelizmente não deu tempo. Eu não tenho a menor ideia do que ele estava bolando para dar continuidade”, contou. Juliana atua como psicóloga e já ajudou outras pessoas a enfrentarem o luto. Agora, ela está com o desafio duplo de ajudar a família a lidar com a perda, enquanto ela mesma aprende a superar a própria tristeza. “Lidar com o luto está sendo extremamente difícil, porque eu não estou podendo viver o luto. Quando ele morreu, minha mãe ainda estava com dengue e com trombose. Então, eu tive que adiar o luto pra colocar ela de pé e dar conta de tudo por ela”, explica. “Toda noite, depois que eu termino todos os fazeres, eu vou para um cantinho e choro um pouco. A dor da ausência dele é insuportável, mas eu estou arrumando forças dentro de mim mesma, na espiritualidade e em Deus. Isso tem me levado”, diz. Rafael Antônio de Azevedo Netto, de 71 anos, morreu de dengue. Arquivo pessoal Apesar das dificuldades e da saudade sem tamanho que Rafael deixou, a filha diz que quer recomeçar, junto com a família, como forma de honrar o legado e as memórias do pai. “Vai ser difícil, vai ser até insuportável, mas a gente continua, né? Assim como o meu pai está inteiro na morte dele, eu vou estar inteira na minha vida e vou fazer com que minha mãe e minha irmã tenham de forma inteira a vida que a gente tem que viver aqui, pra honrar a memória dele, pra honrar quem ele foi e tudo que ele fez por nós”, contou emocionada. Depois de perder um familiar para a dengue, os parentes pedem que a comunidade tenha cuidado com o lixo e a água parada, para evitar que novos focos de dengue se proliferam e provoquem mais vítimas da doença. “Peço para o pessoal não jogar lixo na rua, se ver um foco, avisar, denunciar, pedir para os responsáveis tomarem atitudes mais incisivas em relação a tudo isso, para que não chegue numa catástrofe. E para além disso, eu acredito que as pessoas têm que se preocupar também em não desenvolver comorbidades, porque as comorbidades têm afetado para agravamento da doença”, declarou.

Fonte: G1


14/04/2024 – Prata FM Vale

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