‘Saidinha’ para Nardoni terá dois dias a menos para compensar antecipação do benefício em fevereiro, quando ele pediu para deixar prisão para acompanhar o velório da mãe e foi autorizado pela Justiça. Alexandre Nardoni
Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo/Arquivo
Condenado pela morte da filha, Alexandre Nardoni deixou a P2 de Tremembé, no interior de São Paulo, na manhã desta quinta-feira (14) para a primeira saída temporária de 2024. O g1 apurou que Nardoni deixou o presídio por volta das 6h30.
Desta vez, a ‘saidinha’ para Nardoni será menor e vai durar cinco dias. Serão dois a menos em relação aos outros presos beneficiados pela medida, que deixaram os presídios paulistas na terça (14) – leia mais abaixo.
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Alexandre Nardoni tem previsão de regime aberto em 6 de abril
A saída temporária de Nardoni será menor, porque em fevereiro a Justiça autorizou a antecipação de dois dias do benefício para que ele pudesse acompanhar o velório da mãe, que faleceu na capital paulista.
No pedido feito à Justiça em fevereiro, a defesa de Nardoni argumentou que a medida era necessária para que Alexandre “pudesse se despedir adequadamente de sua mãe, além de apoiar e receber o amparo necessário de seus familiares nesse momento difícil”.
“Autorizo a saída do sentenciado pelo período de 48 (quarenta e oito) horas, independente de escolta e monitoramento eletrônico, a contar do horário em que deixar a unidade prisional, mediante desconto de 02 (dois) dias na próxima saída temporária”, afirmou a juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani na decisão.
Alexandre Nardoni foi condenado pela morte da filha.
Reprodução/ TV Globo
Com a decisão, Alexandre Nardoni vai usufruir dos cinco dias restantes do benefício da saída temporária e deve retornar ao presídio junto com os demais presos, no dia 18 de março.
Procurada pela reportagem, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que “não fornece dados individualizados de presos por questão de segurança”.
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Essa pode ser a última saidinha de Nardoni, já que a partir de abril, ele deve passar a cumprir a pena em regime aberto, deixando a cadeia – leia mais abaixo.
O g1 procurou o advogado Roberto Podval, que faz a defesa de Alexandre Nardoni, mas ele não quis se manifestar sobre o caso.
Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, a P2 de Tremembé, no interior de São Paulo
Laurene Santos/TV Vanguarda
Redução de pena e espera pelo regime aberto
Alexandre Nardoni, condenado a mais de 30 anos de prisão pela morte da filha Isabella, pode sair da prisão a partir de abril para cumprir pena em regime aberto. O detento mantém uma rotina de trabalho e leitura que o ajudou a reduzir em quase 1 mil dias o tempo que ficará atrás das grades.
No ano passado, ele pediu redução da pena que cumpre em Tremembé, no interior de São Paulo, por dias trabalhados e por um livro lido na prisão. O pedido foi aceito pela Justiça de São Paulo ainda em 2023.
O trabalho de Nardoni é realizado na Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap). Dentro da P2 funcionam fábricas de carteira e cadeiras escolares, fechaduras e de pastilhas desinfetantes para vaso sanitário.
Isabella Nardoni morreu em 2008, após ser jogada do sexto andar de um prédio.
reprodução TV Globo
Os detentos podem trabalhar diariamente na Funap, com jornadas de horas variadas. O programa tem como objetivo ajudar na ressocialização do detento, ensinando um ofício, além de ser uma forma de reduzir a pena.
Pelo programa de remição de pena pelo trabalho, a cada três dias trabalhados, o preso pode abater um dia de pena, desde que seja autorizado pela Justiça.
Crime chocou o país
O assassinato de Isabella Nardoni, crime que chocou o país, aconteceu no dia 29 de março de 2008, quando a menina de apenas cinco anos foi jogada pelo pai e pela madrasta da janela de um apartamento na capital.
Isabella caiu do sexto andar do apartamento onde morava o casal Nardoni, no Edifício London. Para a Justiça, porém, não foi uma queda acidental, mas sim um homicídio. A menina foi agredida e, depois arremessada.
Condenado a mais de 30 anos de cadeia, o pai da menina Isabella cumpre pena desde 2008 na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, conhecida como P2 de Tremembé.
Alexandre Nardoni atualmente cumpre pena no regime semiaberto. O regime mais brando dá direito a ele às saidinhas temporárias, benefício usado como forma de ressocialização dos presos e manutenção de vínculo deles com o mundo fora do sistema prisional.
Isabella Nardoni
Reprodução
Discussão sobre o fim da saída temporária
Em fevereiro, o Senado aprovou um projeto que acaba com a saída temporária dos presos, conhecida como “saidinha”, em feriados e datas comemorativas, como Dia das Mães e Natal.
O texto ainda precisará passar por uma nova votação na Câmara. Só depois de aprovado pelos deputados é que o projeto poderia virar lei.
O projeto havia sido aprovado pela Câmara em 2022 (por 311 votos a favor e 98 contra) mas, como foi alterado pelo Senado, precisa ser votado novamente pelos deputados — o que não tem data para acontecer —, antes de seguir para sanção ou veto do presidente Lula (PT).
Segundo informações do Blog do Valdo Cruz, o governo Lula deve vetar o projeto, caso seja aprovado em definitivo pelo Congresso.
O projeto agora aprovado pelo Senado proíbe as saídas temporárias para visitas a familiares ou de retorno ao convívio social, mas não impede que os presos que cumpram determinadas condições deixem provisoriamente a cadeia para estudar e trabalhar. A versão aprovada pela Câmara proibia também essa última opção.
Fonte: G1