Monize Guimarães conheceu a mãe biológica aos 36 anos, após uma busca incansável que durou um ano. Sem sucesso nas buscas pelas redes sociais, ela bateu de porta em porta na cidade em que nasceu, até encontrar a mãe. Após meses de buscas, professora de MG que foi doada na maternidade reencontra mãe biológica no interior de SP: ‘Me sinto aliviada’
Arquivo pessoal
Foi após virar mãe que a professora Monize de Oliveira Guimarães, de 36 anos, sentiu o desejo de conhecer as próprias origens. Ela foi doada quando era um bebê recém-nascido, ainda na maternidade, pela mãe biológica.
A professora conta que foi doada, pois a mãe temia pela segurança dela. Na época em que nasceu, a mãe biológica vivia um relacionamento complicado com uma pessoa usuária de drogas e não tinha condições financeiras de cuidar da bebê, por isso precisou optar por fazer o processo de adoção.
“Eu tinha interesse de encontrá-la, porque depois que eu me tornei mãe eu fiquei imaginando o sofrimento dela de ter que abrir mão de um filho para salvar a vida dele, que foi o que aconteceu. Então eu queria, eu me sentia na necessidade de agradecê-la e comecei a procurar por ela”, conta.
Moradora de São Lourenço, no estado de Minas Gerais, Monize conta que ao longo de um ano tentou encontrar a mãe biológica pelas redes sociais, mas não obteve sucesso.
Sem desistir do sonho de reencontrar a mulher que a gerou, Monize decidiu viajar para o interior do estado de São Paulo e bater de porta em porta na cidade em que nasceu, até encontrar a mãe biológica.
Monize quando era bebê.
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A saga teve um final feliz na última sexta-feira (24). Ao lado dos pais adotivos, Reinaldo César Junqueira Guimarães e Maria Tereza de Oliveira Guimarães, um casal mineiro que reside em São Lourenço (MG), Monize viajou para São José dos Campos (SP) com apenas uma foto antiga da mãe biológica em mãos.
Com ajuda dos pais, Monize foi de casa em casa no bairro Jaguari, que fica na Zona Norte de São José, mostrando a foto antiga que guardava, informando o nome da mulher que buscava e compartilhando um pouco da própria história com cada morador.
O tempo chuvoso não abalou a família, que ficou por cerca de 4 horas andando pelas ruas do bairro em busca de Celina Machado, mulher que em agosto de 1987 deu à luz a Monize.
“Quando meus pais adotivos me buscaram no hospital logo após meu nascimento, eles levaram minha mãe biológica em casa, então eles lembravam do bairro. A gente foi nesse bairro em busca dos moradores mais antigos, perguntando se eles conheciam alguma Celina e mostrando a foto”, narrou.
E a persistência teve resultado. Uma moradora antiga que é amiga da mãe biológica de Monize a levou até a casa onde a mulher mora. Por trás dos muros da casa simples, Monize encontrou Celine Machado, hoje com 58 anos.
Monize e sua mãe biológica, Celina Machado, moradora do bairro do Jaguari, em São José dos Campos.
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“Para mim, ela era um livro sem introdução, sem prefácio, porque eu não a conhecia. Eu só queria agradecer pela coragem que ela teve de me entregar. Quando me viu, ela não me reconheceu, porque a última vez que ela tinha me visto eu era um bebê recém-nascido, mas o encontro foi bem emocionante. Ela chorou e ficou feliz, os meus pais também”, afirmou.
“Eu fiquei muito feliz, porque ela é uma mulher batalhadora, que criou os outros filhos sozinha. Vi que minha origem é de mulheres fortes. Ela é determinada e tenho isso em mim”, disse.
Monize ao lado da filha.
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Após o encontro, Monize já combinou de manter contato com a mãe e a família biológica. Por parte dos pais adotivos, ela já tinha dois irmãos e agora descobriu que tem mais seis do lado da família biológica. A lista de tios, primos e outros parentes não para de crescer.
“Eles me acolheram muito, todos da família dela me mandaram mensagem, então me senti muito acolhida nessa primeira etapa e, posteriormente, a gente está combinando de se encontrar presencialmente para que eu possa conhecer todo mundo”, declarou.
“Me sinto aliviada, eu carregava um peso. Queria mostrar que sou grata a ela. Depois que me tornei mãe, vi que temos dificuldade de nos libertar de coisas materiais e imaginei que não foi fácil o que ela passou. Queria libertar ela de qualquer culpa”, afirmou.
Monize ao lado dos pais adotivos e da mãe biológica.
Arquivo pessoal
Hoje Monize se sente em paz, mas destaca que já tinha uma vida feliz antes do encontro com a família biológica. Ela afirma que nutre muito amor pela família que a adotou e que a ajudou a se tornar a mulher que é hoje.
“O fato de não ter o mesmo sangue que eles nunca foi um problema. Afinal, o sangue não é pré-requisito para se viver melhor. Sou filha adotiva sim. Estou muito feliz e certa que preciso compartilhar a minha história para que outros casais possam ser encorajados a entrarem nas filas de adoção. Há inúmeras crianças que aguardam para também serem geradas no coração de uma família”, finalizou.
Monize ao lado da filha e da família adotiva.
Arquivo pessoal
Fonte: G1